O dia em que devs deixaram de ter super poderes

Jawn
3 min readOct 8, 2021

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Na primeira semana de trabalho, o gerente de engenharia, me chama para alinhar sobre o projeto.

Era um papo estranho de que o time precisava aumentar a segurança e governança das APIs da Hotmart e com isso teriamos que trabalhar em uma nova documentação para os usuários consumirem os endpoints (na época, eu não tinha a menor ideia do que era isso), alguma coisa assim.

Mas o que diabos era uma API?

Eu era um designer, o que eu tinha a ver com isso?

Mas né, desafio aceito. Fiz a primeira e mais importante coisa que todo designer aprende a fazer, procurar no Google.

E a partir daí, me afoguei em um mundo que sou apaixonado até hoje.

Depois do Google, vi com o meu time interno o que eles podiam me ensinar sobre APIs perguntando coisas super bobas, mas que me ajudaram muito a entender que cada um programa de um jeito, tem uma forma diferente de entender o que vem primeiro e quais players do mercado que eles vêm como sendo referencia em ajudar o desenvolvedor a trabalhar.

Mesmo tendo um bocado de tempo de carreira e trabalhado com uma porrada de desenvolvedores, eu nunca parei para ver eles trabalhando ou perguntar o pq eles ficavam tão putos lendo um código que eles tinham que integrar. Daí que veio o estalo, programador não nasce sabendo programar, integrar e tudo mais, e o designer pode ajudar nesse problema.

Depois do papo com o time e alguns amigos desenvolvedores para (tentar) entender a cabeça de todo mundo, voltei pro Google e para pesquisar sobre os players de mercado que foram citados na entrevista. Stripe, Shopify, Twillio dentre muitos outros foram muito citados como sendo excepcionais nisso, tentei me aprofundar em entender o que eles tinham de semelhanças e ler feedbacks em comunidades de deve sobre eles. Além disso, pesquisei premiações de melhores APIs e foi interessante ver até APIs da Mercedes e BMW nas premiações.

Com esse estudo, segui para escrever alguns princípios que poderiam nortear minhas decisões nesse projeto. Além disso, uma outra coisa brilhou os meus olhos, pensar em experiência de desenvolvimento não é só sobre como a pessoa desenvolvedora vai colar, mas todo o universo em torno daquela linha de código que vai ser copiada e colada em alguma tela preta.

Tem todo um ecossistema que abrange a experiência em consumir as APIs e integrações de um serviço ou produto, existem fóruns para suporte especializado em técnico, documentações que mesclam conhecimento de negócio com o que é entregue via API, exemplos de código e aplicações prontas para customização, marketplace de aplicativos que podem gerar novas linhas de negócio e muito mais.

Mas voltando à realidade, o que aprendi e usei de principios para projetar uma boa experiência para pessoas desenvolvedoras no Hotmart Developers foram:

  • Seja amigável com os iniciantes;
  • Exemplifique, projete e economize tempo do desenvolvedor;
  • Seja flexível com a forma como você apresenta as informações;
  • A documentação da API não é APENAS para desenvolvedores;
  • Peça feedback;
  • Não exagere;

Esse é o meu primeiro texto sobre esse tema, tô pensando em publicar mais textos sobre Developer Experience (DX), um glossário para quem está chegando agora, o motivo pelo qual Stripe, Shopify, Twillio e muitos outros se tornaram referências nesse assunto e as práticas que utilizei em meu dia-a-dia. O que vocês acham? Quais desafios vocês encontram no dia-a-dia?

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Jawn

:) Adoro aprender, compartilhar e trocar ideia sobre tudo relacionado a Design, Produto, Inovação e toda e qualquer tecnologia disruptiva que tem por aí.